VIDEOARTE E AUDIOVISUAL: VOCÊ CONHECE AS DIFERENÇAS?
A videoarte é uma obra que se vale do vídeo como ferramenta de suporte para a
expressão artística, da mesma forma que a tela é o meio usado pelo pintor e um bloco de
mármore por um escultor, por exemplo. O movimento teve início após a popularização das
tecnologias de gravação em vídeo, no final da década de 60, ainda no formato analógico, com
grande influência da televisão e das artes plásticas. O alemão Wolf Vostell, autor de “Sun in
Your Head”, e o sul-coreano Nam June Paik são pioneiros desta arte. De lá para cá muita
coisa mudou e o advento do digital não apenas barateou, como democratizou o acesso às
mídias de gravação e reprodução, incorporando ainda infinitas possibilidades de efeitos e,
com isso, esta forma de expressão artística foi se sedimentando mundo afora.
O QUE FAZ UMA VÍDEO ARTE SER VÍDEO ARTE?
Nem todo produto audiovisual pode ser considerado arte. A diferença está na forma
como esta tecnologia é empregada. No caso do cinema, da televisão ou dos vídeos exibidos
pelas redes sociais, a premissa é narrar uma história, registrar uma cena cotidiana, uma festa,
uma encenação, seja para compartilhar ou para guardar como recordação. Já no caso da
videoarte, o audiovisual é um meio para se transmitir uma ideia, um conceito ou até uma
sensação. Dentro deste contexto, a narrativa pode não ser linear, com um começo, meio e fim,
pode prescindir de diálogos, trilha sonora e até da presença de atores ou pessoas em cena. E
esta liberdade criativa acaba gerando obras vanguardistas e inovadoras que podem ser usadas
como parte de uma instalação numa exposição ou até numa performance de artistas ao vivo,
apenas para citar alguns exemplos.
No decorrer do tempo o conceito de arte foi se expandindo e hoje permite que uma
única obra agregue vários tipos de expressão como como pintura, teatro, dança, música,
literatura, escultura e o vídeo, desafiando conceitos e questionando o perfil das
representações artísticas e da própria definição do que é arte. A natureza, a realidade
cotidiana, a vida urbana e claro, a tecnologia, cada vez mais servem como combustível para
fomentar estas expressões artísticas. No caso da videoarte, com frequência, há uma alteração
no papel do espectador que é deslocado da posição de mero observador que assume numa
galeria, sala de cinema ou mesmo à frente de um gadget, como seu smartphone, e é
convocado à participação. As imagens e sons são usados para expandir os sentidos e, por
vezes, interpelam o espaço com projeções que convidam a uma imersão. Como resultado
dessa alquimia artística surgem uma variedade de obras que podem ser definidas como
videoinstalação, videoperformance, videoescultura, videopoema e etc.
CONHEÇA ALGUNS ARTISTAS
Os Estados Unidos têm solo fértil e abriga vários grandes nomes desta forma de
expressão artística, como Vito Acconci (1940-2017), o músico e artista multimídia Nam June
Paik (1932-2006), um dos precursores do movimento, e Ira Schneider (1939). Por aqui no
Brasil, as origens da videoarte são controversas. No início dos anos 1970, o brasileiro
Antônio Dias expôs publicamente obras de videoarte na Itália. Contudo, em território
nacional, uma das primeiras obras, batizada M 3X3, de 1973, é de autoria de Analívia
Cordeiro, que contou com o apoio da TV Cultura para a sua realização. Nos anos seguintes
artistas como Sônia Andrade, Ivens Machado, José Roberto Aguilar e Letícia Parente
consolidam o movimento no Brasil.
Hoje a videoarte se vale equipamentos de última geração, menores e com mais
qualidade de som e imagem, além do uso da realidade virtual e do vídeo 360º, que somados
ao poder da internet, agrega novas possibilidades a esta forma de expressão artística que,
inclusive, já chegou ao metaverso com as NFTS, ativos digitais, como fotos e vídeos que
contam com um certificado de propriedade que garantem a sua exclusividade. Mas isso, já é
um outro assunto.
Rush Video – Ideias em Movimento