O CEO do Instagram, Adam Mosseri, recentemente publicou um post onde detalhou alguns dos planos futuros para a rede social. Lançada em outubro de 2010 e comprada pelo Facebook em 2012 por cerca de 1 bilhão de dólares, a plataforma, que já sofreu inúmeras mudanças desde o seu lançamento, agora deve deixar de ser, oficialmente, apenas uma ferramenta de compartilhamento de fotos. Os vídeos ganharão cada vez mais relevância. “O audiovisual está gerando um crescimento imenso em todas as grandes plataformas e acho que isso é algo em que precisamos nos focar mais”, afirmou. Segundo ele, o plano agora é transformá-la numa ferramenta de produção de conteúdo, vídeos, compras e mensagem. Especula-se ainda o lançamento de uma espécie de stories exclusivos em perfis, que seriam liberados apenas mediante pagamento. Lembrando que atualmente é possível adicionar vídeos curtos (reels), vídeos longos (IGTV), stories (vídeos que ficam no ar por 24 horas), venda de produtos e compartilhamento de artigos.

E para reforçar a relevância dos vídeos, Mosseri explicou que, em breve, os usuários também começarão a receber recomendações de conteúdo que estão fora do seu radar, no melhor estilo do YouTube, onde o algoritmo vai mapeando as escolhas para apresentar sugestões que de outra forma possivelmente seriam ignoradas. Além disso, a plataforma deve disponibilizar novas opções para quem deseja assistir vídeos, proporcionando experiências mais imersivas, em tela inteira. Ao falar sobre criadores, Mosseri disse ainda que a intenção é “deixar o poder cada vez mais nas pessoas e não em instituições”. Já sobre o tópico compras, a ideia é embarcar nas mudanças dos hábitos de consumo causadas pela pandemia da Covid-19, que impulsionou o comércio on-line. No que se refere as mensagens, a expectativa é que a experiência seja aprimorada, transcendendo o feed e os stories.

O executivo também não se furtou de falar sobre a concorrência. “Sejamos sinceros, já existe uma competição muito grande hoje. O TikTok é enorme, o YouTube maior ainda e temos ainda novos players surgindo. As pessoas estão olhando para o Instagram buscando entretenimento e precisamos atender isso”, afirmou. Vale ressaltar que no início deste ano, o Instagram decidiu banir os vídeos do TikTok, bloqueando os conteúdos com a marca d’água do concorrente por violação das regras.

 

IGTV ganha a atenção de produtores de conteúdo

O recurso que permite aos usuários assinarem notificações, facilitando o acompanhamento das novidades postadas, ajudou a despertar a atenção de artistas e produtores de conteúdo para o Instagram, pois é uma forma eficiente de aumentar a interação com a audiência e que ainda traz como consequência a ampliação da base de seguidores. E quanto maior o número de seguidores, mais atraente o perfil se torna para os patrocinadores. Soma-se a isso o fato que durante o período da pandemia da Covid 19 houve uma paralização das produções em andamento e o jeito encontrado para driblar o isolamento e seguir trabalhando foi apelar para criatividade. Assim alguns projetos originais para o Instagram foram tomando forma. Foi quando diversas lives, sobre os mais variados temas, e outros tipos de conteúdo começaram a surgir. No início, de forma tímida, sem produção, um embrião para o que ainda estava por vir.

A atriz Fernanda Paes Leme ao lado do irmão, o ator e roteirista Alexandre Paes Leme lançou a websérie “Fake Life”, que se vale do humor para apresentar uma crítica as redes sociais. Totalmente filmada na vertical e especialmente criada para ser exibida no IGTV, a produção traz duas versões da própria atriz: a

Fernanda e a Fepa Fake. Além disso, esta é primeira vez a artista assina a produção-executiva e direção de fotografia, já que ela mesma se filma o tempo todo com o celular. Em menos de 24 horas, o primeiro episódio de “Fake Life” chamou a atenção dos internautas e bateu 1 milhão de visualizações, além de faturar o prêmio de melhor filme em língua portuguesa no festival português Super9 Mobile. Animada com o sucesso, a dupla seguiu a parceria com “LoveStories”, websérie original que nasceu de histórias colhidas no próprio no Instagram, também disponível no IGTV. São 04 episódios que celebram as diversas formas de amar.

Seguindo a mesma linha, “Quarentenados” foi outro sucesso dentro deste novo formato que, inclusive, conta com um perfil próprio, o @quarentenadostv. A webserie, dividida em seis capítulos, que tem produção da Young Republic Films e Daniel Tupinambá, acompanha a trajetória de seis amigos que moram no mesmo prédio, mas durante o isolamento social só se encontravam através de chamadas de vídeo, em um ritual diário. E enquanto algumas pessoas iam se afastando por conta da nova realidade, outras acabaram se aproximando. No elenco estão Fábio Rabin, Isabella Santoni, Gabi Lopes e Maicon Rodrigues. Para se adaptar ao formato do IGTV, a série também foi gravada na vertical, remotamente, pelo aplicativo Zoom, sendo que na época nem todo elenco se conhecia pessoalmente.

Outro nome que destacou dentro deste novo contexto foi o do ator Pedroca Monteiro com a websérie Mininovela, que apresenta vídeos de apenas um minuto onde são narradas as interações de um ex-casal que se comunica por meio de videochamadas. Já Bruna Mascarenhas investiu em “NeuRose”, onde interpreta a personagem de Bruna, uma mulher cheia de neuras, que são afloradas com a quarentena. Dramática e cheia de conflitos, ela vê dilema em tudo. Cheia de humor, a história é contada por meio dos pensamentos de Rose. São oito episódios, disponíveis no IGTV da atriz (instagram.com/brunamascarenhasbm). E no melhor estilo “Janela Indiscreta”, clássico do cinema de suspense, de Alfred Hitchcock, a atriz e roteirista Tóia Ferraz criou “Da Janela”. O humor dá o tom para acompanhar o cotidiano de uma mulher que passa o dia observando seus vizinhos, interpretados por atores convidados, imaginando suas histórias, dramas e conflitos.

Em comum os projetos citados têm o fato de que foram concebidos durante a quarentena, todos formatados de forma remota, sem interações presenciais. Mas, certamente, este foi apenas o estopim de um novo formato, que tem tudo para conquistar a audiência e que se depender do próprio Instagram deve se estabelecer como mais uma forma de entretenimento on-line. O potencial é grande e a indústria do audiovisual agradece.

 

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