Com todas as referências da cultura pop dos anos 80, assistir Stranger Things é quase como voltar no tempo. Mesmo que a produção seja ficção científica e claramente baseado em uma história inventada (a menos que você realmente acredite em alienígenas e dimensões alternativas ), os diretores e produtores de vídeo, os irmãos gêmeos Matt e Ross Duffer, tentam manter o show fiel à era dos cabelos mullets e de sucessos como ET, Curtindo à Vida Adoidado e Os Gonnies. Hoje, com a série da terceira temporada, os irmãos Duffer se tornaram dois dos nomes mais quentes da industria audiovisual norte-americana. Claro, que nem sempre foi assim. A estrada até chegar ao estrelato, foi pavimentada por desapontamentos e muita perseverança.
Nascidos em 1984, em plena era do videocassete, Matt e Ross Duffer começaram a produzir filmes aos 10 anos com uma câmera Hi8 que ganharam do pai. Admiradores de John Carpenter e George Romero, os primeiros curtas, We All Fall Down e Eater, eram feitos com os vizinhos vivendo mortos vivos debaixo de maquiagem feita a base de amido de milho e sangue de glucose de milho e chocolate.
Anos depois de se formarem em cinema na Chapman University, eles escreveram um filme de terror pós-apocaliptico chamado Hidden, que conseguiram vender num feira de cinema em Los Angeles. A compra incentivou os dois a pensarem numa carreira como roteiristas. No entanto, a frustração foi crescente, por que nos cinco anos seguintes, não conseguiram vender nenhum projeto para os Estúdios.
Já estavam trabalhando na loja de ferragens do pai, quando o produtor Mace Neufeld (de Caçada ao Outubro Vermelho) viu We All Fall Down num Festival de Cinema em Dallas, e chamou os dois para refazer o curta Eater com uma produção de vídeo mais elaborada. Eater ganhou a atenção de Hollywood e Matt e Ross acabaram ganhando o título de “jovens diretores promissores” no Sindicato dos Diretores da América. Em seguida, M. Night Shyamalan teve acesso ao roteiro de Hidden, ficou impressionado com a inventividade do texto, e chamou a dupla para trabalhar na série de TV Wayward Pines.
Onde entra Stranger Things nisso tudo? Bom, foi trabalhando na loja de ferragens que eles tiveram a ideia de escrever. No esboço, em princípio, Stranger Things seria um longa metragem para o cinema. O roteiro ficou pronto em menos de um mês. A animação, contudo, foi esfriando conforme eles saiam das reuniões nos Estúdios. O problema, segundo a alegação dos produtores, era que o público jovem não estava interessado em resgatar a década de 80, e também diziam que a trama sobre crianças de bicicleta enfrentando monstros numa cidade de interior, era coisa superada.
A sorte só mudou quando JJ Abrams chegou aos cinemas com Super 8, e fez um retumbante sucesso em 2011. A Netflix percebeu o potencial do produto , comprou os direitos de adaptação e pediu para os irmãos aguardarem o chamado. Mark e Ross ficaram quatro anos na fila, até receberem o sinal verde para desenvolverem a trama numa série dividida em oito episódios.
A etapa seguinte foi dirigir o piloto de Stranger Things. Eles levantaram toda a produção, desde a escolha do elenco, e rodaram o primeiro episódio com começo meio e fim. Se o filme desse errado, pelo menos a Netflix tinha como exibi-lo como uma produção convencional do canal. A sorte é que o piloto foi exibido numa sessão-teste com um público diferenciado e foi um sucesso. Foi assim que a Netflix deu o start para os irmãos levarem os outros sete episódios adiante. Isso aconteceu em maio de 2015.
Após o lançamento bem-sucedido da primeira temporada em 15 de julho de 2016, as luzes do show bussiness se acenderam para Matt e Ross Duffer. Além da alta audiência da série, eles foram indicados para o Emmy, para o prêmio Hugo e para o Writers Guild of America. E a partir do momento que Stranger Things foi alçado pela indústria como uma das séries mais importantes de 2016, nada mais segurou os irmãos Duffer. Atualmente eles pensam em rodar a quarta temporada de Stranger Things e depois partir para um projeto de ficção mais robusto, que eles preferem não falar a respeito ainda, porque são muito supersticiosos.