O PODER DA NARRATIVA: COMO O AUDIOVISUAL MOLDA NOSSAS VIDAS

O fim do ano se aproxima e com o encerramento de mais um ciclo chega o momento de se fazer um balanço sobre o período que passou e pensar sobre o que está por vir. O mundo segue em ritmo frenético, a IA caminha a passos largos e a vida vai se encaixotando cada vez mais dentro de uma tela. As redes sociais já ditam muito mais que tendências, parecem balizar nossas vidas. O que usar, aonde ir, o que consumir e até o que pensar sobre este ou aquele assunto, está tudo ali, na palma da mão. Dentro deste cenário, cabe questionar: como o audiovisual está moldando as nossas vidas, exercendo uma influência profunda na cultura, na sociedade e na forma como percebemos o mundo? 

A Construção da Realidade

Seja através do cinema, televisão, plataformas de streaming ou redes sociais, as chamadas mídias de comunicação de massa, uma das principais funções do audiovisual é construir realidades. Através de narrativas envolventes, imagens poderosas e sons cativantes, o audiovisual tem a capacidade de emocionar, informar e inspirar, deixando marcas perenes em nossa memória e em nossa identidade, moldando nossa percepção da realidade. Filmes, séries, documentários e vídeos nos transportam para outros mundos, para outras realidades, nos permitindo vivenciar experiências diferentes, conhecer culturas distantes, explorar perspectivas distintas e conhecer produtos e serviços que prometem revolucionar o nosso cotidiano e até nos aprimorar enquanto indivíduos, 

A Influência na Cultura

Portanto, não é exagero afirmar que hoje o audiovisual desempenha um papel fundamental na construção da cultura popular, lançando moda, influenciando o comportamento e moldando a identidade de gerações, além, é claro, de ter um protagonismo óbvio no registro da memória, preservando tradições, costumes e narrativas que poderiam se perder ao longo do tempo. 

A linguagem, os valores e os costumes presentes nas produções audiovisuais – dos sintéticos vídeos do TikTok aos filmes, séries e documentários exibidos no streaming – são internalizados pelo público, tornando-se parte do imaginário coletivo. Através de personagens e histórias, sejam reais ou imaginárias, aprendemos sobre o bem e o mal, o amor e o ódio, a justiça e a injustiça. E essas mensagens, explícitas ou não, exercem uma influência significativa em nossa formação como indivíduos e como sociedade. Por isso, não é exagero afirmar que o audiovisual pode ser utilizado como ferramenta para promover valores positivos, como a tolerância, a igualdade e a solidariedade, contribuindo para a conscientização e a mudança de comportamentos. Mas também, não podemos fechar os olhos para o verso desta moeda. 

Perigos

Os conteúdos audiovisuais, independente de qual seja o canal de distribuição, podem, sim, ter repercussões negativas. Uma delas é o reforço de estereótipos e preconceitos; outra é a idealização de um padrão de beleza inalcançável, que pode gerar baixa autoestima e insatisfação corporal, especialmente entre os jovens. Aqui basta citar o recente “A Substância”, longa estrelado por Demi Moore, que discute as consequências da busca incessante da juventude eterna. Outro ponto de alerta é para a veiculação indiscriminada, inclusive de imagens reais, que normalizam a violência e comportamentos antissociais, influenciando negativamente o comportamento de espectadores mais vulneráveis. Sem mencionar a sexualização precoce de crianças e adolescentes que podem acessar facilmente conteúdos inadequados para suas faixas etárias.

Não podemos deixar de mencionar ainda como a indústria audiovisual é utilizada para manipular a opinião pública, moldando a visão de mundo das pessoas, e incentivando o consumo desenfreado através de propagandas e publicidade. Há ainda o fantasma das fake news com a disseminação de notícias falsas que podem gerar confusão, polarização e desinformação, minando a confiança nas instituições e nos processos democráticos.

Consequências 

Já é sabido que o consumo excessivo de conteúdo audiovisual pode levar ao sedentarismo, à diminuição do contato social e à dependência de telas, prejudicando a saúde física e mental. Além disso, uma indústria globalizada tende a homogeneizar a cultura, apagando as especificidades e a diversidade de diferentes povos, impondo valores e costumes estrangeiros que podem levar à perda da identidade cultural e à desvalorização das tradições locais. 

A saída, portanto, é desenvolver um olhar crítico sobre o conteúdo audiovisual, questionando as mensagens, as fontes e as intenções por trás das produções. A educação para o consumo consciente de mídia hoje é fundamental para que as pessoas possam se proteger das influências negativas e das próprias fake news e fazer escolhas mais conscientes. É necessário, ainda, que se abra um amplo debate e que haja uma regulamentação mais rigorosa da produção e da distribuição de conteúdo audiovisual, especialmente no que diz respeito à proteção de crianças e adolescentes.

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