O DRAMA BRASILEIRO “AINDA ESTOU AQUI” É INDICADO AO GLOBO DE OURO NAS CATEGORIAS DE MELHOR ATRIZ E FILME ESTRANGEIRO
O longa nacional “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, acaba de ser indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme de Língua não-Inglesa. A última nomeação do país na aconteceu em 2005 com “Diário de Motocicleta”, do mesmo diretor. Fernanda Torres, protagonista da produção, garantiu uma nomeação como Melhor Atriz, concorrendo com veteranas pertencentes ao panteão da indústria cinematográfica, como Pamela Anderson, Angelina Jolie, Nicole Kidman, Tilda Swinton e Kate Winslet.
Concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, o Globo de Ouro costuma ser uma prévia para Oscar. Coincidentemente, em 1999, Fernanda Montenegro, mãe de Torres, fez história quando venceu o prêmio de Melhor Atriz em Filme de Drama, por sua atuação em “Central do Brasil”, que também faturou a estatueta de melhor produção estrangeira. Infelizmente, no Oscar, a sorte não foi à mesma. Na ocasião, a película foi derrotada por “Shakespeare Apaixonado” e a insossa Gwyneth Paltrow faturou o prêmio de melhor interpretação feminina. Posteriormente, a atriz causou revolta entre os brasileiros ao declarar que usava a estatueta como peso de porta.
História
Produção original do Globoplay, a trama é inspirada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, narra à história real de sua mãe, Eunice, que no início da década de 1970, durante a ditadura militar, vê seu marido, Rubens (interpretado por Selton Mello), ser levado por militares à paisana e desaparecer. O filme, que custou R$ 8 milhões, já rendeu R$ 53,8 milhões em cinco semanas de exibição e sua carreira deve continuar ascendente após as indicações.
Emoção
“É muito emocionante eu ter sido indicada em uma categoria onde a maioria dos outros filmes são falados em inglês”, afirmou Fernandinha, após a divulgação da lista dos concorrentes. “Ontem também foi surpreendente a Menção Honrosa que eu recebi da Associação de Críticos de Los Angeles, ao lado da Demi Moore, pois é um prêmio para todas as interpretações femininas e masculinas do ano, então é mesmo extraordinário. Estou muito feliz também que o filme segue forte nos cinemas do Brasil”, completou a atriz.
Já o diretor afirmou estar muito feliz pelo reconhecimento do longa e do talento incrível da Fernanda Torres. “É um prêmio para o cinema brasileiro como um todo e para um trabalho coletivo que só foi possível graças ao livro maravilhoso de Marcelo Rubens Paiva. O diretor destacou ainda que é especialmente comovente que essas indicações cheguem 25 anos depois das de “Central do Brasil”. “É emocionante que as extraordinárias Fernanda Montenegro e Fernanda Torres tenham ambas sido indicadas”, afirmou ainda Salles. Vale lembrar que Montenegro faz uma ponta em “Ainda Estou Aqui” como a personagem Eunice no final de sua vida quando foi acometida pela doença de Alzheimer, que causa a perda progressiva de função mental. Sua aparição em cena é muito breve, porém contundente.
Oponentes
“Ainda estou aqui” concorre com “Tudo Que Imaginamos Como Luz”, “A Garota da Agulha”, “Vermiglio” e “Emilia Pérez”, apontado como grande favorito, seguido de perto por “A Semente da Figueira Sagrada”. A nosso favor, é importante mencionar que o filme já venceu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, onde ganhou muitos elogios da imprensa estrangeira, e tem, segundo especialistas, uma chance de conseguir uma indicação nesta categoria no Oscar. Agora é cruzar os dedos e torcer para que a produção seja contemplada, garantindo ao Brasil um reconhecimento importante depois de décadas de abstinência. A 82ª edição do evento, que premia os melhores do cinema e também da TV, acontece no dia 5 de janeiro de 2024 e será apresentada pela comediante, atriz e podcaster Nikki Glaser.
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