“AINDA ESTOU AQUI”: O BRASIL RUMO AO OSCAR COM UMA HISTÓRIA EMOCIONANTE
A corrida do Oscar 2025 já começou e, por aqui, tem mobilizado os fãs de cinema que vivem a expectativa de que o filme nacional “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles Jr, esteja entre os indicados, trazendo para o Brasil a sua primeira e tão sonhada estatueta. O longa que já está oficialmente no páreo por uma vaga – ao lado de trabalhos de outros 84 países e territórios – é cotado, principalmente, para as categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres), mas é elegível para outras nomeações, como Melhor Filme, Melhor Diretor (Walter Salles Jr.), Melhor Ator Coadjuvante (Selton Mello), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição. As apostas recaem, especialmente, sobre atuação de Fernanda Torres, num trabalho memorável. O reconhecimento pelo maior prêmio da indústria cinematográfica, aliás, seria ainda uma reparação histórica com sua mãe, Fernanda Montenegro, indicada em 1999 por “Central no Brasil”, também dirigido por Salles, e preterida pela insossa Gwyneth Paltrow, pelo igualmente sem graça “Shakespeare Apaixonado”. Vale ressaltar que Montenegro faz uma ponta em “Ainda Estou Aqui” interpretando a personagem Eunice durante a sua velhice, quando já estava acometida pelo Alzheimer. E a sua presença na tela, apesar de breve, é impactante.
A História
O longa, ambientado na década de 70, em pleno período da Ditadura Militar, é baseado no livro homônimo do jornalista, escritor e dramaturgo, Marcelo Rubens Paiva (Feliz Ano Velho), e mostra a trajetória de sua mãe, Eunice, que precisou assumir as rédeas de sua criação e de seus quatro irmãos quando seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva é levado de sua casa por militares à paisana e desaparece. Mais tarde, ela é informada por uma fonte confiável que ele foi torturado e morto, sem que seu corpo tenha sido jamais encontrado. Mesmo depois de receber a notícia, ela nunca informou aos filhos, de forma direta, sobre o destino do pai, tampouco se permitiu chorar diante deles. Foram 25 anos de luta até que em 1995, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, assinou a Lei nº 9140, reconhecendo como mortas pessoas detidas pela ditadura e dadas como desaparecidas. Foi somente então que a família Paiva, entre muitas outras, conseguiu a emissão do atestado de óbito, documento essencial para finalização de inventários, entre outras providências burocráticas.
Sucesso
A produção vem arrancando elogios da crítica especializada e do público, que encerra muitas sessões com uma salva de palmas. Segundo dados da ComScore, referentes ao período entre os dias 21 e 24 de novembro, em seu terceiro final de semana de exibição, a película desbancou o blockbuster “Gladiador II” e voltou a assumir a primeira posição, arrecadando R$ 8,9 milhões e levando 390 mil pessoas às salas de cinema. Até agora, o file já contabiliza R$ 38,7 milhões em arrecadação no país e 1,7 milhão de espectadores.
Campanha
Viajando o mundo para a divulgação do filme, com uma última parada estratégica em Los Angeles, a Meca do cinema mundial, Fernanda Torres já declarou que não tem grandes expectativas quanto à sua possível indicação. “Há um certo engarrafamento no quesito de papéis femininos, então não sei se chego. Mas só de estar em todas as shortlists é incrível, o que vier é lucro.”, afirmou numa entrevista publicada pela Revista Forbes. “Quando soube do filme, já era mais velha do que a Eunice e estava trabalhando com humor há muito tempo. Nunca pensei que o Walter me visse no papel”, completou a atriz.
Já o ator Selton Mello, chegou a se emocionar ao falar sobre sua participação em “Ainda Estou Aqui” em entrevista para jornalistas durante um evento de pré-estreia em São Paulo. “Eu sou da geração que se emocionou com ‘Feliz ano velho’. Eu era fã do Marcelo. E nunca imaginei que um dia interpretaria o seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva”, afirmou.
Sobre a recepção do público brasileiro ao filme, o cineasta Walter Salles também comentou em entrevistas: “Está se transformando em um fenômeno cultural, sociológico e político. Não poderíamos ter previsto isso, o que me fez refletir sobre como a literatura, o cinema e a música podem ser ferramentas poderosas contra o esquecimento”.
A lista com os indicados para a 97ª entrega anual dos Academy Awards deve ser divulgada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas no dia 17 de janeiro de 2025. Se depender de torcida, “Ainda Estou Aqui” já está no páreo.
Rush Vídeo – ideias em movimento