12ª Mostra Curta Audiovisual de Campinas, que acontece entre 30 de maio a 15 de junho, é o mais importante evento cinematográfica da região, e um dos poucos onde se pode ter um panorama do que está rolando no território. E, este ano, nós, da Rush Video, tivemos a honra de participar da Curadoria Coletiva para escolher os melhores filmes regionais. Mais que isso, nossos dois curtas, “Trala Land” e “Abelha Rainha” integraram a seção.
Os 32 melhores filmes da região foram agrupados para uma maratona, que passou em dois sábados no MIS Campinas. A inovação foi a seguinte: em vez de reunir um juri, a organização decidiu que os próprios realizadores deveriam ser reunidos numa sala para assistir e julgar o trabalho dos colegas. Era proibida apenas, o cineasta votar em seu próprio filme.
Com essa característica, a ideia dos organizadores não era apenas integrar mais o pessoal que trabalha com cinema na região, mas mostrar para todos como existe uma pluralidade de olhares na região. De acordo com a diretora da organização da Mostra, Mariana Maurer, os filmes exibidos no decorrer da trajetória da Mostra é abranger de tudo, documentários, ficções, videoclipes, experimentais e animações, incluindo desde os principais curtas do país, até curtas realizados de forma completamente independente.
A verdade é que Campinas vem se revelando um celeiro para novos talentos, embora isso não seja muito ventilado. Ano passado Juliana Rojas, venceu vinte e quatro prêmios nacionais e internacionais com o filme “As Boas Maneiras” (Locarno, Biarritz, Sitges, Cartagena, Rio, São Paulo) e Kiko Goifman mais de dez prêmios como melhor Documentário para “Bixa Travesty” (em Berlim, Madrid, Mar del Plata, Milão). Correndo por fora, em janeiro último, Samuel Carvalhé, faturou com “A Montanha Acima de Nós” o prêmio de Melhor Curta no festival de Cinema do Cairo e Melhor direção no Milan International Fest. O que estes três cineastas tem em comum? O trio nasceu ou estudou cinema na região.
Outro ponto essencial, a cidade também tem uma ampla tradição na animação brasileira. O Núcleo de Cinema de Animação em 2017 teve nada menos que dois longas, “História Antes de Uma História”, de Wilson Lazaretti, e “Café, um Dedo de Prosa”, de Maurício Squarisi, entre os finalistas selecionados pelo Ministério da Cultura para concorrer ao Oscar.
Por fim, a produção de filmes independentes, segundo dados do CTAv (Câmara Temática de Audiovisual de Campinas, em 2018, registrou nada menos que 150 filmes (entre longas e curtas) produzidos.
Não é um trabalho fácil mapear e mensurar esse montante. Mas é importante ter uma data e lugar para ter uma amostragem. Segundo Mariana, A Mostra Curta Audiovisual surgiu desta necessidade. “A primeira experiência aconteceu na Unicamp em 2005. Foi a MIAU (Mostra Independente de Audiovisual da Unicamp). No ano seguinte, a diretoria da AAMISC (Associação de Amigos do Museu da Imagem e do Som de Campinas) convidou os organizadores daquele evento para pensar numa Mostra mais ambiciosa. Deu tão certo, que chegamos agora a décimo segunda edição”.
Dos concorrentes teve um pouco de tudo. O leque ofereceu da sátira política, Magalhães (sobre o show de erros da campanha pra prefeito de Magalhães Teixeira) ao requintado drama sobre uma criança soropositiva “O Sorriso de Sofia”, da comédia feminista de boteco “Abelha Rainha”, ao thriller de suspense “O Homem Que Sabia de Menos”, da animação “Discurso Indigesto” ao experimental “Trala Land”. No fim, da triagem original de 74 filmes, a segunda etapa baixou para 32 curtas, e no final, apenas 14 curtas foram pinçados para figurarem na seleção final.
Claro, a Mostra Curtas Audiovisual não dá acesso apenas a filmes regionais. Essa foi a categoria que a Rush Video participou com dois trabalhos. Como exemplifica a coordenadora de comunicação, Clarisse Rodrigues, “em âmbito geral, teremos quatro categorias, a nacional, regional, videodança e videoclipe, além das seções Latina e a Mostrinha (com filmes infantis). O objetivo é abarcar todas as frentes”.
É mais que uma razão convincente para assistir um tipo de cinema muitas vezes negligenciado – a de filmes que podem não romper a marca dos 30 minutos, mas são cheios de invenção, arte, e reúnem nomes, que pode ter certeza, são o futuro do cinema brasileiro.
Rush Video, Ideias em Movimento.
Construindo vídeo-depoimentos – Parte 1