Essa semana vamos abordar aqui no nosso blog da Rush Video algo que em termos de produção de vídeo ou filmes é incontornável caso você trabalhe com o audiovisual. Estamos falando dos efeitos visuais. E pra começar, vale a pergunta: O que torna um efeito visual realmente especial? Alguns dos melhores efeitos confundem a linha entre realidade e fantasia, como podemos ver na impressionante minissérie Chernobyl. Outros simplesmente nos mostram algo tão legal – selvagem, imaginativo ou belo – que aceitamos a nova realidade que criam, caso da série Game of Thrones.
Agora, você tem noção de como essa tecnologia evoluiu no cinema?
Abaixo discorremos sobre dez filmes fundamentais para entender como essa arte foi avançando em um século:
10. Viagem à Lua (1902)
Georges Méliès descobriu que um caminhão podia desaparecer num passe de mágica acidentalmente, quando o obturador de sua câmera travou. Desde então testou todas as possibilidades de trucagens com a câmera, entre as quais o recurso do stop-motion. A ambição, é claro, tinha que terminar sob o signo da lua. Com Viagem a Lua, Méliès fez uma síntese de todas as trucagens já experimentadas, e criou o primeiro épico de ficção científica da história do cinema.
9. King Kong (1933)
O stop-motion já não era mais novidade, mas King Kong elevou a técnica a um novo patamar. Os produtores podiam ter vestido um ator de macaco, mas preferiram trabalhar com um boneco de poucos centímetros, que dividia a tela com atores reais, deixando maravilhado o público que não sabia dizer onde acabavam os efeitos e começava a realidade. O recurso do som, criado um pouco antes, deu mais atmosfera a trama sugerindo inclusive a ferocidade de um macaco que não passava de uma marionete.
8. Star Wars: Episódio IV – Uma nova esperança (1977)
Apesar da pompa de superprodução, o primeiro Star Wars foi todo feito nos estúdios menores de Pinewood, em Londres, porque a Fox não acreditava no sucesso do filme. Mas George Lucas (foto acima) se cercou de uma equipe (John Dykstra, à frente), que ampliou os cenários graças a ilusão de perspectiva, fundos de matte paiting e um sistema de movimento eletrônico computadorizado, que dava a impressão de velocidade as maquetes feitas de sucatas do ferro velho que sobrevoavam o estúdio presas a fios de nylon. A combinação deu tão certo, que o filme virou uma franquia e transformou o nerd George Lucas num milionário.
7. Tron: Uma odisséia eletrônica (1982)
Star Wars pode ter sido o pioneiro no uso de computadores, mas Tron foi o primeiro a utilizar a computação gráfica para criar modelos e cenários em sequências no cinema. Foi um grande passo para a história da ficção científica e abriu caminho para que, décadas depois, Toy Story, Matrix e Avatar fossem possíveis. Apesar de toda a sua inovação, Tron foi um fiasco de bilheteria, o que pode ser atribuído a frieza narrativa e artificial do filme.
6. O Segredo do Abismo (1989)
Outro fracasso, que deixou sua marca no cinema com o avanço da computação gráfica e o efeito morphing. No clipe Black or White de Michael Jackson o efeito de transformar a face de um homem num rosto de mulher, e de um branco para o rosto de um japonês e depois de um negro, já era uma proeza nos anos 80. Mas esculpir a feição humana na água, parecia algo profundamente inesperado. De fato, O Segredo do Abismo foi um divisor de águas, apontando as fronteiras que os artistas da computação poderiam desbravar a partir dali.
5. Parque dos Dinossauros (1993)
O passo seguinte no avanço das trucagens de computação gráfica depois de O Segredo do Abismo. Aqui o lado lúdico foi deixado de lado, para a criação de animais digitais realistas e assustadores. Curioso é que esse capítulo na história da evolução dos efeitos especiais quase não chegou a ser escrito. Spielberg fez testes para filmar as cenas dos dinossauros em stop-motion. Quem o convenceu de que a computação gráfica tinha evoluído o suficiente foi Stan Winston, que acabará de criar o T-1000, o andróide líquido de O Exterminador do Futuro 2 e estava entusiasmado em moldar monstros virtuais.
4. O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (2002)
Andy Serkis, o ator britânico que dá vida a Gollum na trilogia do JRR Tolkien, começou por ser apenas a voz do boneco. Mas o diretor Peter Jackson ficou tão impressionado com o desempenho vocal e a presença física de Serkis que construiu Gollum a partir do ator. O resultado, obtido através da técnica de motion capture, mostrou pela primeira vez o quanto um ator podia aprimorar uma criatura digital e a torná-la, complexamente, cheia de nuances humanas. Nenhum dos filmes da série Planeta dos Macacos teria sido feito, se não fosse a tecnologia desenvolvida neste filme.
3. Avatar (2009)
Um filme revolucionário. Aprimorou a experiência do 3D criando a projeção em 3D digital, mas foi um marco mesmo ao desenvolver um software capaz de dar uma nova dimensão a direção de arte em cinema. Toda a topografia tridimensional de um planeta, desde as selvas até os rios e montanhas de Avatar foram concretizadas graças a computação gráfica. Com visores interligados, os atores podiam entrar neste cenário virtual e interagir, assim como o diretor e podia instruir com a câmera a movimentação neste lugar, tudo em tempo real. Cameron aqui mais uma vez apontou o caminho para o futuro do cinema.
2. Gravidade (2013)
Muito já foi dito sobre a experiência claustrofóbica que o filme passa, e sobre a dimensão diminuta que o diretor Alfonso Cuàron deu a George Clooney e Sandra Bullock. Do ponto de vista técnico, Gravidade é um filme de vanguarda. Muitas das trucagens usadas na filmagem tiveram que ser inventadas e equipamentos foram construídos especialmente para a produção. Como, por exemplo, um scanner tridimensional, onde os movimentos dos atores era capturados e inseridos dentro do programa de efeitos. Em suma, transformando a vida em dados. O padrão para um filme como esse não é o realismo, mas sim a coerência. Toda a natureza tem um código de conduta e as leis da física não são exceção. Cuàron viola essas regras com um rigor engenhoso e exuberante, e sua obstinação (que levou quatro anos e meio para ser finalizada), se transforma em arte e com uma beleza pura.
1. 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968)
E eis que os anos passam, a tecnologia avança, e o 2001 de Kubrick continua a ser a pedra de toque de todos esses filmes, dos mais mirabolantes aos mais inovadores. Pela opulência de seus meios técnicos, pela ambição artística do realizador, pela seriedade do empreendimento. Kubrick teve em mãos uma equipe da NASA, uma equipe da IBM, misturou cientistas com artistas e computadores no set e foi explorando as trucagens, burilando conceitos. Chegou a ponto de pedir ao diretor de efeitos visuais Douglas Trumbull, que tomasse LSD para sentir a experiência de uma viagem alucinatória. É mais ou menos, esse delírio que ele desejava que o astronauta David Bowman passa-se quando encontrasse o monolito atrás do planeta Júpiter. O experimento visual é muito convincente e mesmo 50 anos depois os efeitos não parecem datados.
Temos muito a aprender com a nova onda das biografias musicais